Lean Management e Kaizen no Pós-Pandemia

Num tempo de profundas mudanças, consideramos crítico que estrategicamente as organizações mantenham uma curva crescente na sua produtividade e eficiência operacional, de forma a sustentarem a sua vantagem competitiva, assente na geração de valor. Apesar das atuais circunstâncias de gestão, assistimos ainda ao tratamento residual das organizações no enfoque estratégico, tático e operacional na abordagem ao lean em contexto do seu sistema de atividades. Contudo, se associarmos as organizações com melhor desempenho nos seus respetivos setores, denotam um fator comum: a prática regular de inovação organizacional, assente em princípios e cultura de melhoria contínua, utilizando sistemas de gestão assentes em lean e kaizen.
Numa visão holística, o lean e kaizen trazem impactos de ordem diversa numa organização, destacando-se, nomeadamente:
- Estratégia: contribui para a vantagem competitiva e comparativa;
- Económico-financeira: melhora a rentabilidade, a capacidade de gerar melhores e maiores EBITDA’s;
- Mercado: reduz o time-to-market, o lead-time, a eficácia de resposta, o nível de satisfação do cliente;
- Ativos: contribui para uma utilização e gestão mais eficaz dos ativos;
- Operações: melhora significativamente o desempenho operacional, os fluxos, menos recursos, mais valor, menos desperdício e mais eficácia;
- Inovação: o foco na melhoria contínua, na boa prática de resolução de problemas, contribui para a inovação organizacional, de processo e produto, adaptativa e incremental;
- Cultura: valores de melhoria contínua, participação ativa, empowerment, moldam uma organização de futuro em constante evolução;
- Pessoas: incrementa o nível de envolvimento e motivação das pessoas na concretização estratégica e tática da organização.
Lean Management e Vantagem Competitiva
Se no passado o lean fazia parte da vantagem competitiva das organizações que o adotavam, hoje em dia, em alguns setores, é considerado uma commodity estratégica. No senso de que toda e qualquer operação de uma organização, incluso os serviços e atividades de suporte, devem funcionar numa base de eficiência plena. Cada vez é menos aceitável que todo e qualquer processo possua desperdício ou ineficiência, pois tal deriva na afetação de recursos em atividades que não geram valor e nada contribuam para a proposta de valor a levar ao mercado.
É uma exigência constante das organizações o trabalho sistemático de melhoria. Daí mesmo derivam os conceitos de melhoria continua e cultura! É este o trabalho que temos vindo a desenvolver na Leanked na última década: conduzir organizações na transformação operacional ou na sua melhoria. Trabalhamos em todas as frentes e dimensão de cadeira de valor, bem como na pontualidade ou modularidade dos nossos serviços, liderando e apoiando a transformação operacional.
Os Impactos da COVID-19 e o Futuro Empresarial Lean
Nunca esteve tão premente a necessidade de o executar como agora. Esta crise pandémica, com impacto económico, trouxe alguns problemas de organização e gestão operacional, derivados, entre outros, do acréscimo do valor das matérias-primas, das falhas no supply-chain, da forte inflação dos preços de transporte logístico, do acréscimo acentuado da procura (aplicável em alguns setores) e da quebra em outros.
Acrescem outros desafios que já decorriam antes da pandemia, nomeadamente a indústria 4.0, com a urgência da transformação digital. O lean e o kaizen focam-se na produtividade, na geração de valor e na eliminação do desperdício, sendo os elementos ideais qualificantes e aceleradores para as organizações que querem estar na indústria 4.0, na transformação digital, nos dados e nas métricas, na automação, entre outros. Para este nível de avanço tecnológico é crucial que os processos e fluxos de trabalho estejam devidamente sincronizados e afinados, assentes numa forte orientação para o cliente. O lean e o kaizen definem os recursos ideais para o sucesso operacional e nada mais. De nada vale promover a transformação digital, se não eliminarmos os desperdícios e os estrangulamentos dos processos, pois assim estaremos apenas a digitalizar o desperdício. Desmaterializámos, mas não o eliminámos.
As organizações têm o desafio constante de reduzir o tempo de lançamento no mercado. Tal suscita a abordagem sistemática de redesenhar as operações e os modelos de vendas para acelerar a produção e se adaptarem com mais flexibilidade às necessidades e mudanças da procura, e o lean e o kaizen contribuem fortemente para este desígnio. As organizações querem mais flexibilidade e lead-times de entrega mais reduzidos dos processos, por forma a estar na crista da onda da competitividade.
O ponto de partida parte sempre da avaliação do ponto de situação atual, basicamente no diagnóstico. No entanto, nós na Leanked procuramos ir mais longe na primeira abordagem e, para além do levantamento e caraterização do estado situacional das operações, depositamos também uma visão para as operações, assente num road-map, uma jornada de ações para a transformação assente no objetivo da excelência operacional. Assim, tornamos este trabalho para além da caraterização e qualificação, numa ferramenta de trabalho útil e de utilidade para o desempenho operacional no seu todo e um contributo efetivo para a competitividade.
Lúcio Trigo, Partner da Leanked